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Um dos textos mais importantes da Dramaturgia Portuguesa. Retrato fiel da sociedade portuguesa do século XVI. Obra de referência no programa escolar e metas curriculares de português.

Prólogo de José Nobre
O início do fim de tudo o que nos é conhecido. A escuridão total. As trevas. O que nos terá acontecido? O que seremos agora? Será que somos o que deixámos de ser depois de o termos sido? Talvez. Uma ténue luz lá bem ao fundo clamando por nós. A luz, a verdadeira e única luz, um ponto ínfimo, o único que valerá a pena direcionar os nossos passos surdos. À medida que a sua intensidade sobe com a nossa aproximação consegue-se ouvir o som celestial das esferas, num crescendo magnânimo, sublime, harmonioso, a ponto de sentirmos o coração que tivemos de abandonar, o tesouro que nos ficou para trás. Elevamo-nos hipnoticamente ao seu encanto, luz autêntica, luz perfumada de azul, luz elevada a música. Pelo Oriente, de onde os nossos olhos conseguem vislumbrar, vêm anjos navegando pelo cosmos, dançando pelas estrelas aos passos dos justos, aos gestos dos puros, graciosos, ocupam agora o centro da nossa atenção, do nosso desejo de comunhão à sua harmonia.

Uma sombra vermelha, ténue e tão distante como a primeira, vigilante, encontra no equilíbrio perfeito a justificação plena para uma contra-acção do equilíbrio terrível que compõe as leis do universo. De Saturno, a Ocidente da nossa atenção, nos chega num ribombar alucinante espectros demoníacos que ameaçam agora o centro do nosso desejo, confundindo-o. São como que duas barcas disputando o bem e o mal que há em nós, e pressentimos a derrota pela violência repentina de como o mal afligiu aos nossos olhos o bem, orgulhando-se, sorrindo-nos desde o centro conquistado, distraindo-se quiçá da luta que travava pelo nosso ser com a nossa própria presença anónima, o fantasma de nós aos olhos do mal. Eis que o bem, eternamente a Oriente da nossa compreensão, desfere novo golpe, remetendo cada barca a seu ponto do cais – o purgatório –, ao tribunal dos que já não são.

A cena está montada.
Que venham as almas.

Elenco: Artur Nobre, Beatriz Pereira, Carolina Frazão, Constança Ahumada, Eduardo Castanheira, Eduardo Soares, Henrique Santos, Inês Silveiro, Leonor Esteves, Joana Almas, Maria Dias, Mariana Casimiro, Miguel Santos, Núria Relvas, Rita Nascimento, Sofia Marçal, Sofia Viegas, Tiago Rosa, Tomás Alves e Tomás Marques
Encenação: José Nobre
Coreografia: Iolanda Rodrigues
Música Original: A.Godin
Desenho de Luz: Álvaro Presumido
Produção/fotografias: Mariana Dias
Participação Especial
Figurinos e adereços:
Sara Rodrigues
Cenografia: Nuno Capinha
Decoração Cenografia: Tomás Marques
Assistentes de Produção: Artur Nobre e Tomás Marques
Design Gráfico: Esperança Cadima
Apoio financeiro: SECIL
Apoio logístico: Câmara Municipal de Setúbal e Academia de Dança Contemporânea de Setúbal

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