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O SEGREDO DA ABELHA

O original de Ricardo Alberty veio parar-me às mãos andava o filhote Artur no 3º ano, portanto, se as contas não me falham, em 2013. Os tempos eram outros, a escola era privada, e, sabendo que o Artur tinha um pai que era "do teatro", as irmãs do colégio Santa Ana não hesitaram em contactá-lo no sentido de dar uma ajudinha a levar a peça a cena. Aceitei o desafio e, logo assim que li o texto, arrependi-me logo.

Tratava-se de uma peça de 1950, algo retardada naquilo a que hoje entendemos por pedagogia. O enredo era simples: havia uma abelha generosa e uma formiga rabugenta. Do lado dos "maus" poderíamos juntar a Louva-a-Deus. Todos os restantes bichinhos que apareciam na história pareciam estar bem resolvidos com a sua vida, o caso mais problemático era mesmo o da formiga. Ora, os outros bichos, resumindo a história, decidem pregar-lhe uma partida, trocando o seu letreiro "espanta-espíritos" por o simpático letreiro da abelha, numa primeira fase. A conclusão, nos dias de hoje, é, no mínimo, inaceitável: combinam em conjunto jogá-la ao poço, prometendo ajudá-la a sair caso ela se retratasse pelas suas atitudes, fazendo juras de bom-comportamento futuro.

Marquei reunião com a Directora Pedagógica, a Irmã Isilda, uma doçura de senhora, expliquei-lhe o sucedido e reformulei a minha oferta — disse que as iria ajudar, mas no sentido de adaptar o texto à realidade do século XXI. Teria que fazer um exercício bem ginasticado, na medida em que os papéis já tinham sido distribuídos aos pequenos artistas, não podendo alterar nem personagens, nem o número de falas de cada uma (ai os pais!), apenas o sentido ético da história.

E assim foi, não vou contar como, porque senão deixava de ser "O Segredo da Abelha".

Em 2017 voltei a pegar no texto e acrescentei-lhe uma versão de Natal — o primeiro exercício de teatro-infantil que propus aos queridos alunos da minha primeira turma de teatro, no recém criado TOMA.

Hoje, a 23 de Dezembro de 2018, despediu-se de cena no auditório Charlot, sempre com casa cheia de cada vez que foi levada a cena, tornando-se, esta mui humilde produção, no primeiro grande sucesso do Teatro Oficina Multi Artes — TOMA.

E foi um grande espectáculo, o de hoje, em que houve a mágica comunhão do prazer de se fazer teatro, juntando rigor, talento e alegria.

A todos os que estiveram envolvidos e que de alguma forma contribuíram para que tudo isto fosse possível, muito OBRIGADO, estarão para sempre no nosso coração!

José Nobre

23-12-2018

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